É comum estudantes se sentirem perdidos diante do excesso de opções e de conteúdos quando estão começando. E vamos combinar que a internet não ajuda nem um pouco neste aspecto, tendo em vista a quantidade de abordagens de todos os tipos que aparecem aos montes. Afinal, como começar?
Sendo assim, vamos a algumas dicas valiosas que dizem respeito a como lidar com o assunto em primeiro lugar:
Um primeiro passo recomendado é confiar em boas referências. "Aventureiros de internet" que tentam inventar a roda podem te levar ao erro e à perda de tempo.
Em segundo lugar, ter paciência e entender que o processo se dá aos poucos. Você não se tornará especialista da noite para o dia. É preciso aprender a curtir o processo.
Não adianta ir com sede ao pote para aprender conteúdos chave como escalas, intervalos, formação de acordes e campo harmônico sem passar pelos passos no seu devido tempo e um de cada vez. Conteúdos que são simples acabam parecendo extremamente complexos e para piorar, não justificam sua aplicação prática. Por exemplo: aprender intervalos isoladamente é apenas um exercício burocrático e sem finalidade se não está conectado com um planejamento que o justifique na prática. Inclusive, fizemos um vídeo sobre isso no nosso Youtube.
Não caia no pensamento do delivery, ou seja, não tente encurtar o seu caminho escolhendo conteúdos como se estivesse em um self-service. O pior erro que pode ser cometido nas fases iniciais é esse. Antes de saber o que precisa, a pessoa já está escolhendo o que não precisa. É importante começar com uma formação generalista e somente com o tempo, e aos poucos, ir dando enfoque naquilo que está mais próximo da sua realidade.
Ao mesmo tempo, não caia no conto do elitista, ou seja, aquele que hierarquiza o estudo da música no eurocentrismo da música clássica. Por mais que a gente defenda que você deva começar o estudo da música seguindo o modelo conservatório, não significa que defendemos o eurocentrismo. São coisas diferentes! É importante ter uma base sólida, mas aprender harmonia tradicional e leitura à primeira vista, por exemplo, não é um pré-requisito para ser um bom rapper, ou DJ, por exemplo. Ou seja, não renegue a sua prática musical, seja ela qual for, por ter se apegado ao estudo formal e institucionalizado.
Agora que estamos na mesma página, vamos a alguns conteúdos chave que são importantes para a formação dos músicos nas primeiras fases do estudo. Os assuntos que serão apontados a seguir não devem ser estudados isoladamente, mas sim no seu devido tempo e com a devida orientação e acompanhamento.
1. Notação Musical (Partitura)
Mesmo que você não seja um leitor de partituras na sua prática, é importante aprender o básico sobre notação musical. Em primeiro lugar, entender a partitura não é difícil. Difícil e demorado é desenvolver uma leitura dinâmica para performance - e esta sim é uma habilidade que é relevante somente para quem a usa regularmente. Se você não utiliza partituras no seu dia a dia, aprenda apenas o básico para poder acompanhar as discussões teóricas e seus desdobramentos.
Caso você seja um leitor de partituras, não há motivo para não aprender, mas saiba: estudar música não é estudar sobre notação. A notação é um meio e não um fim.
2. Intervalos
Intervalos são a base de praticamente todas as discussões sobre alturas na música. Os intervalos dão base à formação de acordes, escalas e campo harmônico, que por sua vez são pré-requisitos para o entendimento da harmonia. É importante estudar intervalos, mas é um erro simplesmente cair de paraquedas neste assunto e querer entendê-lo todo de uma vez. É importante que o estudo de intervalos seja feito por etapas. Aprender os intervalos de segunda já permite aplicá-los à formação de escalas. Com as terças já podemos falar de acordes e de campo harmônico, conectando imediatamente os assuntos teóricos com a prática, pois através dos campos harmônicos podemos observar acontecimentos em exemplos musicais reais. Em seguida, estudar as quintas para complementar o assunto sobre formação de acordes e poder aprofundar o estudo do ciclo das quintas nos campos harmônicos. Por fim, falar de sétima quando for a hora de falar de tétrades, e etc. Sempre conectando o estudo dos intervalos com aplicações práticas, que nos trazem aos exemplos musicais. Mais sobre isso num vídeo que fizemos para o Youtube.
3. Campo Harmônico
Os campos harmônicos reúnem o estudo dos intervalos, da formação de acordes, da formação de escalas e coloca tudo isso no contexto das tonalidades e suas relações. Para melhorar, permite o entendimento de exemplos práticos musicais. Mesmo os campos harmônicos maiores, que podem ser vistos relativamente cedo nos estudos, já nos permitem observar músicas e contextos musicais em sua plenitude.
4. Sistema Métrico Ocidental
O pensamento sobre o tempo e sua organização está enraizado em praticamente todas as músicas que se dão no ocidente, sejam formais ou não, fazendo uso de notação musical ou não. O uso de conceitos como metrônomo, BPM, compasso 4/4 e afins está em todas estas músicas e em ferramentas utilizadas para realizá-las. Está na partitura e no software, está no metrônomo que é usado na gravação, está na contagem com as baquetas do baterista. Para ter domínio do sistema métrico, é preciso estudar as figuras de duração e o conceito de dobro e metade, para começar. Logo em seguida, exercitar suas complexidades para o desenvolvimento da autonomia sobre diversos acontecimentos que ocorrem na música.
5. Percepção Musical
Vista como disciplina à parte, ou como parte avançada dos estudos, não pode ser desconectada do estudo da teoria, simplesmente porque aprender a ouvir é imprescindível para a compreensão. Lembrando que estudar teoria não é estudar sobre notação. Na verdade, nós nem gostamos muito do termo 'teoria musical'. O usamos para não complicar ainda mais as coisas. Entendemos que estudar música é envolver assuntos teóricos e práticos, contextualizar com o repertório e colocar o ouvido para funcionar.
Mas afinal, por onde começar?
Tendo em vista que apontamos dicas e listamos conteúdos/temas chave, chegou a hora de finalmente dizer por onde começar. E a reposta é: do começo!
Entenda que os conteúdos chave precisam ser conectados com outros assuntos para poderem fazer sentido e serem melhores compreendidos dentro do todo. Portanto, uma dica que nós podemos deixar aqui pra você não sentir que saiu de mãos vazias é a seguinte:
Pegue um plano de conteúdos de uma fonte confiável e utilize de guia de contéudos. Compre um livro de teoria que tenha algum reconhecimento e avalie o plano de conteúdos deste livro - e como é ordenado. Use o índice do livro como seu guia de conteúdos. Em seguida, mãos à obra: seja estudo por conta própria, seja curso online. O que você preferir!
Caso queira, veja o plano do nosso curso, que inclusive foi montado após consulta a diversos livros e também à experiência empírica que tivemos ao longo dos anos através de instituições de ensino básico e superior.
Caso tenha interesse e queira seguir com a gente, temos um curso de Teoria e Percepção Musical, em 6 módulos, do básico ao avançado, equivalente a 4 anos de estudos em um conservatório de música. O primeiro módulo é 100% GRATUITO, com 20 aulas + extras que você pode acessar AQUI!
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