É muito comum ouvirmos (de músicos inclusive) que o trítono era considerado o som do inferno na Idade Média, pois era tão dissonante que o Papa proibiu o uso deste intervalo. Mas isso não passa de um mito! Não há registro histórico nenhum que comprove essa afirmação, além de existirem sim músicas com o uso deste intervalo na Idade Média.
Primeiro, o que é trítono?
O trítono recebe este nome por ser um intervalo de 3 tons. O trítono, independente de onde esteja posicionado na escala, irá sempre causar o mesmo efeito, que é o de chamar a sua tônica. O trítono aparece orginalmente no quinto grau da escala maior - ou o chamado acorde dominante. No caso deste acorde, o trítono é formado pelo quarto e sétimo graus da escala. A sensível, portanto, está contida no trítono. É importante observar a maneira como a resolução do trítono ocorre - com a sensível indo à tônica e o quarto grau descendo ao terceiro - ambos em resolução de semitom para duas notas presentes no acorde da tônica.
Trítono = 3 tons.
O trítono é a base da harmonia tonal e seu desenvolvimento.
Resolução do trítono:
Segundo Adam Neely, um dos primeiros registros do termo latino diabolus in musica aparece só no século XVIII, pelas mãos do teórico Johann Fux. Mas ele não se referia ao trítono, mas sim a notas muito próximas, como um semitom, desaconselhando os arranjadores a utilizarem estas notas juntas. De fato, o trítono (assim como a segunda menor) é um intervalo muito dissonante e difícil de ser cantado em um coral pelo risco de desafinação, por isso ele foi evitado algumas vezes. Portanto o diabolus in musica se referia aos sons dissonantes que eram difíceis de soarem bem em arranjos para corais, mas não tinha nenhuma ligação religiosa para o nome. Aliás, sem o trítono, não haveria o desenvolvimento da harmonia tonal, pois ele é o som gerador de tensão que se resolve na tônica. Sem ele não teríamos a hierarquia entre as notas e a sensação de movimento se perderia. Mas a sua utilização sem a resolução pode ser associada a um sofrimento, pois nosso ouvido quer ouvir a permanência na consonância, não na dissonância (por motivos físicos que não cabem aqui). Desse modo, muitas vezes o mau era representada na música por trítonos repetidos, sem resolução, ou que demoravam muito para resolver, como é o Caso da Dante Sonata de Liszt, que se inicia com uma decida em trítonos, representando a descida de Dante ao inferno. Mas uma coisa é certa, este intervalo nunca foi proibido e a igreja nunca o viu como uma ameaça.
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